Música Independente: O território criativo da música em Bauru

10:54 PM NeoCriativa 0 Comments


Dentro dos eixos da Economia Criativa, percebe-se na cidade que a música pode se destacar

Show do GOG na Semana do Hip de Bauru 2014. Foto: Facebook 

Uma característica importante na atualidade dos movimentos culturais é sua presença na internet e apropriação de técnicas de mídia, difusão e registro. Isso é resposta direta do que chama Milton Santos de popularização da técnica e cognoscibilidade do planeta.

Para ele, a necessidade do mercado estabelece parâmetros para que a técnica, por meio de inovações técnicas funcionais, como os smartphones e a internet seja difundida. Essa situação amplia o acesso a informação, à velocidade na comunicação e à produção imaterial.

Os muitos Pontos de Cultura na cidade são reflexo de ação direta do governo federal em prol de organizações de cultura autônomas. Muitos deles estão ligados ao universo da música. Um exemplo é o Acesso Hip Hop, já lembrado nesse espaço como principal articulador do Hip Hop na cidade e talvez na região.

O Ponto de Cultura, desenvolvido a partir de uma ONG é parte do já antigo movimento em Bauru. Nos últimos anos, a transformação em Ponto de Cultura e a conexão com outros grupos de produção cultural tornou o movimento mais empoderado e comunicativo. Eles produzem artistas de vários segmentos, como dança, grafitti e rap. Os artistas de rap utilizam o estúdio e o espaço da Casa do Hip Hop, além de se empoderar de tecnologias sociais.

Muito por isso, existe um sólido grupo de artistas independentes dentro desse segmento em Bauru. É fácil comprar seus discos, e também é comum vê-los na agenda cultural do município. O Hip Hop tornou-se tão importante na identidade da cidade, que gerou uma lei municipal que institucionaliza, financia e garante anualmente a “Semana do Hip Hop”. Uma vitória do movimento e da Economia Criativa.

Entendemos como música independente os grupos em que o Núcleo Criativo, ou seja, o artista encontra-se no centro da produção e distribuição. Assim define a Secretaria Criativa a principal característica dos setores criativos.


O Funk e o Rock também são forças criativas da cidade e têm sido responsáveis por diversos eventos em Bauru. O funk articula festivais tanto na periferia quanto em casas de show próximas ao centro. Além disso conta com produtoras que garantem difusão regional, produção e difusão audiovisual. O Rock tem festivais anuais, como o Vitória Rock e o Rock do Bem, que promovem bandas da região e marcam a presença do gênero. O que é visto também na programação cultural de alguns bares da região central de Bauru.

O samba bauruense também se destaca pelo fato da presença de um carnaval já longínquo. Apesar de problemas estruturais e organizacionais, o Carnaval atrai enormes públicos para o sambódromo. Aliás, um aparelho público de cultura utilizado pela secretaria da cultura da cidade para sediar a festa do desfile das sete escolas de samba da cidade. Antigamente a Av. Nações Unidas cumpria esse papel. O sambódromo, no entanto, existe desde os anos 90.

As escolas de samba estão localizadas principalmente na periferia da cidade, e atraem os amantes do samba para a construção da identidade do samba local. Eles também se beneficiam do avanço da técnica devido à facilidade de gravação e difusão dos sambas, e também pela possibilidade de maior organização dos grupos. A cidade abriga junto às escolas alguns blocos de rua, que ampliam a força do samba no território criativo da cidade. Fora o carnaval, há o coletivo de samba local, que organiza rodas de samba semanais em Bauru.

Um território tão largo de música independente da cidade carece de políticas públicas municipais, que se manifestam em editais mas deixam a desejar no alcance aos grupos culturais. Um exemplo bem sucedido da cidade continua sendo o dos Pontos de Cultura, que articulam grupos que já existiam.

O desafio continua o de compreender as formas de inovação e respeitá-las, sabendo que suas formas de gestão de processos, pessoas e recursos estão em constante transformação. As conexões entre os grupos e a compreensão de sua anatomia, são dados necessários para o desenvolvimento de políticas públicas de cultura.

Publicado em Portal Participi.

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